Doença2017-09-19T08:34:39+00:00

Doença

O que é a Espondilite Anquilosante?

A espondilite anquilosante (EA) é uma doença reumática inflamatória crónica que afeta as articulações da coluna vertebral incluindo as sacroilíacas e por vezes as articulações periféricas.
A idade habitual dos primeiros sintomas é entre a segunda e terceira década de vida.
A manifestação mais frequente é dor lombar que se agudiza com o repouso e se atenua com atividade física.

Quais são as Causas?

A causa é ainda desconhecida, parece haver uma tendência familiar, havendo, no entanto, outras causas que contribuem para o aparecimento da doença. As pessoas com o antigénio HLA-B27 (marcador genético) têm uma predisposição maior para a doença. Contudo, o antigénio pode também estar presente em pessoas saudáveis ou que sofrem de outras doenças.

Quais são os sintomas?

Habitualmente, o início é insidioso e gradual. Caracteriza-se por dor importante, mas difícil de definir, sentida mais frequentemente na região lombar ou nas nádegas, podendo irradiar pela face posterior das coxas.

A espondilite anquilosante evolui ao longo do tempo, com dor e rigidez na parte inferior do tronco. Estes sintomas tendem a ser mais intensos de manhã ou a seguir a um período de repouso e a aliviar com o movimento.

A doença pode atingir a parte inferior ou superior do tronco; até pode causar rigidez e imobilização permanente de toda a coluna (anquilose), curvatura (cifose) e enfraquecimento dos músculos das regiões dorsal e lombar.

Mas também outras articulações podem ser envolvidas, como é o caso das ancas (o mais comum), joelhos e ombros, ou ocorrer dores no peito resultantes da inflamação das articulações da caixa torácica. Alguns doentes têm atingimento de outros órgãos, sendo a complicação mais frequente a uveíte – uma inflamação ocular.

Figuras 1, 2 e 3 – A primeira série traduz a condução eficaz da evolução de um caso muito agressivo de espondilite. O indivíduo perdeu toda a mobilidade do tronco, mas salvou o alinhamento, a presença física social, o bom relacionamento de órgãos torácicos e abdominais, não sofre de insuficiência respiratória porque o diafragma tem espaço para compensar a perda da componente costal da ventilação pulmonar. A segunda série é a associação de um caso muito agressivo deixado em desastrosa evolução espontânea.

Fonte: Manual da Espondilite (Anquilosante); Dr. Filipe G. Rocha; Cadernos SNR N.º 17

Como se diagnostica?

O diagnóstico, ou a suspeita clínica, é feito principalmente pela recolha de uma boa história clínica e mediante um exame objetivo global.

Podem fazer-se análises ao sangue para pesquisa do antigénio HLA-B27, embora, como anteriormente referido, este marcador possa estar presente em outras situações clínicas ou até não estar associado à doença. As radiografias das articulações sacroilíacas e da coluna podem revelar sinais da doença, mas nas fases iniciais as imagens obtidas por raios X podem ser normais.

Quais são as opções de tratamento?

A finalidade do tratamento é aliviar a dor e a rigidez, de modo a permitir que as articulações afetadas mantenham a maior mobilidade possível.

O exercício físico está na base destes objetivos e aconselha-se a sua prática diária e treino de postura a todas as pessoas com espondilite anquilosante. Os doentes devem, tanto quanto possível, evitar períodos longos de imobilização. O exercício físico e/ou fisioterapia, praticado regularmente, ajuda a manter a mobilidade e a flexibilidade da coluna vertebral sem esforço para o corpo.

Existem neste momento vários tratamentos medicamentosos disponíveis, desde os anti-inflamatórios até aos biológicos, consoante a gravidade da doença.

Qual o prognóstico?

O prognóstico é bom se o programa de exercícios recomendado for iniciado precocemente e os medicamentos tomados quando necessários. A rigidez vertebral pode ser um problema, mas raramente é incapacitante.

Figura 4 – Caso muito agressivo em evolução deixada livre (Espontânea) por incompetência, incúria e desleixo. (Fonte: Manual da Espondilite (Anquilosante); Dr. Filipe G. Rocha; Cadernos SNR N.º 17)

O que são as Espondilartropatias?

Debaixo deste nome agrupam-se doenças reumatismais que partilham características de ordem clínica.

Este grupo das espondilartropatias, além da espondilite anquilosante que é o protótipo delas, abrange as seguintes doenças: a artrite psoriásica, as artrites reativas (onde se inclui a síndrome de Reiter) e as espondilites enteropáticas (artrites da doença de Crohn e da colite ulcerosa).

No inicio de qualquer delas, o quadro clínico pode bastar para o médico compreender que tem na sua frente uma espondilartropatia sem, todavia, fornecer dados suficientes para identificar a doença dentro do grupo.

Nesses casos, deve ser utilizado o nome de espondilartropatia indiferenciada, ficando o médico atento à evolução e a aguardar que uma melhor definição da situação lhe permita fazer o diagnóstico definitivo.

Factos Reais / Mitos

Factos

A espondilite anquilosante (EA) é uma doença reumática inflamatória crónica, dolorosa e progressiva, que atinge as articulações da coluna vertebral e, em especial, as inferiores (articulações sacroilíacas e da região lombar).

Nos casos típicos atinge indivíduos jovens, iniciando-se entre os 15 e os 30 anos de idade. A média situa-se nos 24, mas pode manifestar-se entre os 8 e os 45 anos.

Geralmente a AE instala-se de modo gradual sob a forma de dor e rigidez lombares. O atraso do correto diagnóstico é frequente e, em média, chega a 6 anos.

Em alguns casos a EA pode atingir outras articulações, em particular as ancas e os ombros. Este comprometimento e o de outras articulações dos membros é mais frequente em residentes em regiões em vias de desenvolvimento e, em especial, quando a doença se inicia na infância.

Cerca de um terço dos doentes de EA vem a sofrer de um ou mais episódios de uma forma de inflamação ocular aguda – a uveíte anterior aguda ou irite aguda.

A imagem radiográfica da inflamação das articulações sacroilíacas por EA é muito característica e pode ser facilmente identificável nos exames que geralmente se pedem para a bacia. Infelizmente, este padrão de alteração da imagem das sacroilíacas pode tardar a manifestar-se, isto é, pode faltar (ser negativa) nos primeiros anos da doença.

Não é raro que a doença espondilítica apareça em mais de um membro da mesma família – o que é conhecido pelo nome de “fenómeno de agregação familiar”.

A causa da doença ainda não está bem determinada, mas está bem identificado um fator genético a maioria das pessoas que sofre de EA possui um gene chamado HLA-B27. Nos indivíduos que sofrem de EA, esta molécula é encontrada em 90% dos residentes no norte da Europa, em 80% da população do sul da Europa e em 50% dos afro-americanos. Nos indivíduos não sofredores de EA este gene está presente em apenas 8% dos brancos e em 2 a 3% dos afro-americanos.

Não é apenas o gene HLA-B27 que está implicado. Presentemente, a pesquisa orienta-se para genes adicionais e para fatores desencadeantes “fatores de gatilho” que, ativando a suscetibilidade, põe em marcha a doença (possivelmente agentes infecciosos).

Alguns dos doentes de EA associam manifestações próprias de outras doenças como psoríase, doença inflamatória crónica do intestino (colite ulcerosa e doença de Crohn) ou artrite reativa (síndroma de Reiter).

Ainda não há cura para a EA; no entanto, as dores e a rigidez lombar são muito aliviadas pela utilização adequada de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (aines) e pelo cumprimento de um programa semanal de exercícios diários.

Embora a evolução da EA varie muito de caso para caso, a maioria das pessoas atingidas pela doença sente-se bem e prossegue programas de vida com qualidade pessoal e proveito social. Todavia, profissões que exijam muito esforço físico podem justificar reciclagem profissional e mudança de emprego.

Mitos

Mito –  A EA é uma doença rara.

Realidade – A EA é, de longe, muito mais frequente do que outras patologias bem divulgadas tais como leucemia, distrofia muscular ou fibrose cística. Embora a sua prevalência pareça diferir nas diversas partes do globo, a EA atinge, pelo menos, um adulto em cada duzentos (aproximadamente 0,5%). Um estudo feito na Alemanha demonstrou que a EA atinge, aí, 1% da população adulta? o que faz dela uma doença tão comum como a artrite reumatoide.

Mito – A EA não está presente em mulheres e crianças.

Realidade – Os estudos recentes sugerem que a EA é duas a três vezes mais frequente nos homens do que nas mulheres e que nelas a progressão seja mais lenta. A EA também pode atingir as crianças, todavia manifesta-se de modo diverso: em vez de dor e rigidez lombares, são mais frequentes as dores calcaneanas e manifestações nos joelhos ou nas ancas.

Mito – A EA é uma doença progressiva de que resulta fatalmente a fusão (anquilose) de toda a coluna.

Realidade – Os sintomas e a agressividade da EA são muito variáveis de caso para caso, isto é, de indivíduo para indivíduo. Em muitos casos a situação não evolui até à completa fusão óssea de toda a coluna vertebral porque a inflamação pode atenuar-se antes que isso aconteça. Nas formas progressivas dos casos agressivos, a inflamação tende a alargar-se até abranger toda a coluna. Nesses casos, embora a coluna se torne cada vez menos elástica e mais rígida, a dor das articulações do dorso atenua-se à medida que o tecido inflamatório vai sendo substituído por tecido cicatricial que entra em metaplasia constituindo pontes ósseas. Esta situação é frequentemente referida pela expressão “apagão”(burning out) da atividade. Contudo, o potencial inflamatório pode manifestar-se sob outras formas como inflamação ocular (irite aguda) ou como talalgia por enteropatia calcaneana, demonstrando não ter havido remissão completa.

Mito – Não há nada a fazer no sentido de ajudar o doente de EA.

Realidade – O diagnóstico feito em seu devido tempo permite a prevenção de tratamento errados, o início de um adequado controlo das manifestações no momento mais oportuno e a condução da evolução da doença pelos caminhos menos desfavoráveis – impedindo que venham a ocorrer deformidades e dependência física.

Mito – Não há alternativas eficazes para o tratamento dos casos que não respondem ao tratamento atualmente estabelecido.

Realidade – Alguns estudos recentes mostram que os casos resistentes à terapêutica habitual respondem favoravelmente a uma nova abordagem do controlo da inflamação pelos agentes biológicos, isto é, respondem favoravelmente à utilização da medicação anti-TNF.

(excerto “Espondilite Anquilosante: Os Factos”)

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